
"Se as Escrituras são consideradas a palavra de Deus, inspiradas para serem uma referência imutável, por que existem tantas denominações e disputas dentro do cristianismo?"
A Origem das Divisões
A causa das diversas ramificações não reside nas Escrituras em si, mas sim nas diferentes interpretações humanas. Embora o ideal fosse a unidade doutrinária e a propagação de uma mensagem bíblica coesa – o que acreditamos ser a vontade divina, motivando seus mensageiros a registrarem Seus ensinamentos – a realidade é que as divergências surgem até mesmo em questões aparentemente óbvias. Essa pluralidade de interpretações é uma consequência do livre arbítrio.
Contudo, muitos fiéis conseguem compreender os princípios básicos e fundamentais da fé, que são relativamente claros. É importante notar que a complexidade de um tema geralmente demanda maior capacidade de discernimento para sua interpretação.
A Criação das Denominações
Deus não estabeleceu denominações ou estruturas eclesiásticas específicas. As igrejas como as conhecemos hoje surgiram a partir da pregação do Evangelho pelos apóstolos no início do cristianismo, em consonância com a ordem de Jesus: "Fazei discípulos".
Reivindicações de Autoridade
Nesse contexto, alegações de autoridade singular, como as feitas pela Igreja Católica ou Ortodoxa, não possuem validade absoluta.
O Critério Essencial
O ponto crucial é a transmissão do verdadeiro Evangelho, algo que pode ser verificado individualmente através da análise das Escrituras. Como Paulo escreveu:
O Surgimento de Novas Denominações
Denominações surgiram, surgem e continuarão a surgir. É legítimo o aparecimento de novas comunidades de fé quando um indivíduo se sente chamado a pregar a Palavra e percebe a ausência de igrejas fiéis às Escrituras em sua proximidade.
Essa pessoa, unindo-se a outros crentes, pode organizar-se e formar uma nova denominação.
Desde que essa nova comunidade siga genuinamente os ensinamentos bíblicos, tal iniciativa não seria inerentemente errada.
Pelo contrário, na ausência de uma igreja que ensine a doutrina corretamente, a criação de novos centros de pregação seria apropriada. Infelizmente, essa não é a motivação em todos os casos.
Motivações Questionáveis e Proteção Contra o Falso Evangelho
A fundação de novas denominações pode, por vezes, estar ligada à vaidade ou a interesses financeiros. Para nos protegermos contra o falso evangelho, é essencial examinar a regra de fé – a Bíblia – e comparar seus ensinamentos com o que é pregado.
Os Falsos Pastores
A existência dessa diversidade de denominações não implica a aprovação divina da distorção da Sua Palavra ou de seu uso por indivíduos com motivações mercenárias. Deus alertou repetidamente contra líderes e pregadores falsos, como registrado em Mateus 7:22-23:
"Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci; afastem-se de mim, vocês que praticam o mal!’".
Portanto, aqueles que deturpam a Palavra enfrentarão as consequências do juízo divino.
Como Escolher uma Igreja
As Escrituras recomendam a comunhão com outros cristãos, complementada pela leitura individual da Bíblia.
A Importância da Leitura Bíblica
É possível ler a Bíblia em pouco mais de um ano, dedicando cerca de 20 minutos diários à leitura de dois capítulos, ou intensificando a leitura nos fins de semana.
A leitura cronológica, começando pelo Novo Testamento e seguindo para o Antigo, é geralmente recomendada. No entanto, uma única leitura não é suficiente; a leitura da Bíblia deve ser um hábito contínuo, pois novas percepções surgem a cada leitura.
Após ler os Evangelhos e, em seguida, o Antigo Testamento, a interconexão entre os textos se torna mais clara, proporcionando um entendimento que muitos seguidores do judaísmo, por exemplo, desconhecem por terem rejeitado o Messias.
Pontos a Observar na Leitura
Durante a leitura, é útil atentar para aspectos como:
- Referências ao Messias e ao Seu sacrifício, presentes desde os primeiros livros.
- A forma como Deus age na racionalidade humana, convencendo pessoas através do sobrenatural (registrado para a posteridade).
- A relevância das testemunhas e da interação humana na construção do conhecimento.
- O cuidado divino em preservar a memória dos grandes eventos do Êxodo entre os hebreus.
- O livre arbítrio concedido por Deus.
- A busca pela santificação como um imperativo para o povo de Deus.
- A Soberania e a misericórdia de Deus.
Igreja versus Templo
A concepção de igreja propagada atualmente em muitos lugares representa uma distorção do que se observa no Novo Testamento.
Algumas denominações chegam a "idolatrar" o edifício onde se reúnem, designando-o como "casa de Deus", "casa de oração", "templo de Deus", entre outros.
Gastam-se grandes somas na construção de templos que remetem ao de Salomão. No entanto, os termos "templo" e "casa de Deus" na Bíblia referem-se primariamente ao Templo do Antigo Testamento, cuja destruição foi profetizada por Jesus, sinalizando uma nova era em que os verdadeiros adoradores adorariam a Deus em espírito e em verdade, diferenciando-se da prática do judaísmo.
Embora o Apocalipse e Daniel mencionem a futura reconstrução de um templo judeu, essa é uma iniciativa humana. Para o cristão, o templo de Deus é o próprio corpo; não existe um local físico exclusivo para a adoração, que se manifesta através dos frutos do Espírito.
Se essa compreensão fosse ensinada na maioria das igrejas, os cristãos teriam maior consciência da importância da santificação e da comunhão pessoal com Deus.
O Propósito da Congregação
Se a igreja não é o templo de Deus, qual a razão para frequentá-la?
As Escrituras incentivam a convivência com outros cristãos, e um local de reunião é o meio prático para isso.
O significado original de "igreja" não se refere ao edifício, mas sim à assembleia de pessoas.
Paulo, em suas Epístolas, enfatiza o "culto racional", onde tudo deve ser feito para a edificação da congregação (igreja), fundamentado na Revelação divina, no estudo dos eventos registrados, na transmissão das recomendações e na exortação das promessas. Essa é a forma de adoração a Deus ensinada.
O Templo do Antigo Testamento também era um lugar de sacrifícios, que foram finalizados com o sacrifício de Jesus.
Portanto, atribuir ao edifício da igreja a mesma importância do antigo templo é inadequado.
A Atitude em Relação às Denominações
Não devemos nos opor às denominações genuinamente cristãs, mas sim discerni-las à luz da Palavra. Ao escrever aos Filipenses (1:18) durante sua prisão, Paulo reconheceu que alguns pregavam Cristo por inveja e rivalidade, com a intenção de prejudicar seu ministério. Sua resposta foi:
"Mas, que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, seja por motivos falsos ou verdadeiros, alegro-me e continuarei a alegrar-me".
O Apóstolo parece profetizar sobre as igrejas de nosso tempo, marcadas por uma competição acirrada, onde Cristo é pregado de diversas formas, muitas vezes com motivações distantes do genuinamente espiritual.
A aparente indiferença de Paulo reside na compreensão de que a fé do crente o conecta diretamente a Deus, independentemente da intenção de quem anuncia.
Alerta Bíblico
É crucial que as pessoas examinem as Escrituras para não serem enganadas por falsos ensinamentos: