O papel aceita tudo?
Não há nenhuma reivindicação de historicidade em qualquer lenda ou obra de ficção, diferente a essa situação, veja a declaração do autor do livro de Lucas no início do respectivo documento:
Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra,
Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio;
Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado. " Lucas 1:1-4
Já uma lenda, é a transmissão de contos sem origens ou testemunhas, o escritor coloca no papel fábulas e boatos, retransmite as informações, mas não se preocupa em dar detalhes de comprovação da mesma, foi dessa forma que ocorreram as produções de diversos mitos antigos ou relatos sem comprovações.
Um exemplo já citado aqui no Blog, mas que é útil para a explicação: um indivíduo escreve uma história já difundida envolvendo Zeus, mas não detalha as provas da manifestação dessa divindade, quais humanos a presenciaram e que sinais objetivos foram dados para determinado povo que provariam que a suposta divindade era real, ou seja, nesse tipo de documento faltam, justamente, os elementos que suportam o compromisso histórico.
Quem está escrevendo sabe que o conteúdo vai passar pelo crivo das pessoas de sua época e que o documento não poderá passar por essa barreira se houver a tentativa de transformar ficção em realidade.
Através de uma análise, é possível identificar esses três tipos de escritos:
1- Obra de ficção (Intencional)
2- Proliferação de lenda e boatos (Sem comprovação)
3- Documentos oficiais (documento de cunho coletivo, onde seus autores reivindicam compromisso histórico).
É compreensível que nenhum líder, seja ele religioso ou político, deseje comprometer sua imagem perante seus seguidores. Afinal, ninguém quer perder o respeito ou ter a credibilidade abalada ao inventar eventos que possam ser facilmente desmascarados.
Não é comum vermos um líder, mesmo um considerado "milagreiro", documentar publicamente em um registro oficial de sua instituição que ressuscitou alguém em estado avançado de decomposição ou que caminhou sobre as águas, afirmando que tudo foi testemunhado.
A Cautela de Narrativas Falsas
É notável o cuidado que supostos milagreiros têm ao evitar criar narrativas que os coloquem em situações complicadas.
Muitas vezes, embora se fale em curas, os feitos atribuídos a essas pessoas tendem a permanecer na esfera da subjetividade, sem uma comprovação objetiva de que a cura foi, de fato, causada por elas.
Essa dificuldade em inventar fatos concretos e objetivos, mesmo dentro de grupos fechados ou seitas, existe porque seria muito fácil para os próprios membros da organização desmentir a situação.
Tomando figuras históricas como exemplo, seria impossível para um farsante sustentar o sucesso se dependesse de comprovações objetivas e verificáveis. Na ausência da verdade, o cenário seria rapidamente exposto e desfeito.
Conclusão:
O indivíduo que se estabelece como um líder religioso fraudulento, angariando seguidores, é um mestre na manipulação. Contudo, sua tática principal reside na dissimulação, utilizando-se de eventos subjetivos, insights filosóficos e promessas futuras, os quais carecem de lastro probatório (inexistência de evidências objetivas ou testemunho qualificado).
Portanto, o mero registro ou proclamação não garante a sua autenticidade, mas é possível e imperativo discernir a credibilidade de quaisquer registros – sejam eles históricos ou doutrinários – por meio de uma Análise Documental Abrangente, que avalie não apenas os fundamentos declarados, mas também o lastro probatório, a motivação teleológica subjacente à sua produção e a sua verossimilhança contextual. Dessa forma, é possível estabelecer um juízo fundamentado sobre a sua autenticidade e autoridade, provando que o papel não aceita tudo.
Colossenses 3:9-10
