Como diferenciar mito de realidade?

"ET de Varginha". Crédito Imagem: Kennedy Martins

É possível  transformar eventos e contos mentirosos  em "verdades"?


Os registros do passado servem como fonte para delimitarmos o que é lenda ou fato dentro da história de cada povo.

Observe, por exemplo, o recente já transformado em mito "ET de Varginha", é assim que essa história será repassada, como mito, lenda, pois não houve comprovações entre as pessoas da época de que a história era real, isso ficará nos registros sobre o caso, podendo no futuro ser checado, o mesmo ocorreu com o "Lobisomem" e outros diversos mitos, nenhum deles tem suporte para ser algo real, são histórias sem origens definidas ou sem relatos corroborativos dentro de uma rede de documentos.

Crédito imagem: Wikimedia Commons

Busto do mitológico ZeusAs mitologias gregas, hinduístas, egípcias, entre outras, também são exemplos de histórias sem comprovações, elas não trazem em seus próprios registros informações de que o povo da época teve qualquer conexão com seus respectivos deuses, isto é, nenhum evento extraordinário e objetivo foi observado por testemunhas humanas, portanto,nada que possa trazer esses deuses para algo factível. Se não há comprovações pelos contemporâneos dos fatos, os registros, então, são de meras lendas, e não de fatos corroborados. 

Os autores e propagadores de lendas não escreveram nem escrevem com compromisso histórico, não falam em verdades, fatos, pessoas reais envolvidas e testemunhas. 

São apenas proliferações de contos sem origens definidas, personagens lendários,produto da mente humana, não há um compromisso sacro.

Perceba que não estou agindo com preconceito nem por pressuposição, a conclusão é tirada dos próprios documentos históricos, onde é constatado a falta de suporte para aceitarmos as histórias como reais.

Portanto, mesmo nos documentos históricos de religiões, é possível separar lenda e fato.


Vivemos num mundo nonsense?


Grupos de pessoas ou até uma nação inteira saem por aí inventando eventos que não viram, como fatos corroborados?

Ou, há regras intrínsecas às interações humanas?

A observação ao nosso redor mostra que não vivemos num mundo absurdo e que há lógica na natureza e na relação entre seus elementos.

Foto: Rafaela Tabosa/D.A Press
(Família espera a ressurreição de aposentada).
Se uma pessoa avisa que vai ressuscitar 
depois de três dias, algumas pessoas podem até aguardar esse evento, mas se o prometido não se tornar real, ou seja, se a ressurreição não for corroborada por testemunhos,a verdade estabelecida será a morte, e não a ressurreição. 

Isso dito acima é crucial para o assunto tratado aqui: pessoas não vão perder tempo saindo por aí contando e registrando algo que elas sabem que não é verdade, sendo que outras pessoas testemunharam justamente o contrário. 

Família espera a ressurreição de aposentada:

*“Havia uma expectativa de que ela ressuscitaria após três dias. Não posso dizer que cheguei a acreditar nisso, mas oramos muito e pagamos para ver. Passado o período, tivemos de providenciar o sepultamento”, disse Eudmarco Medeiro de Farias, 33 anos, amigo da família.


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(Print Cache G1)

http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1357932-5598,00-APOSENTADA+MORRE+E+FAMILIA+ESPERA+TRES+DIAS+PELA+RESSURREICAO+NA+PARAIBA.html


Se conluios pudessem gerar "verdades", viveríamos num mundo surreal, onde mentiras e verdades não seriam distinguidas, mas a *observação (*elemento fundamental do método científico) do mundo real mostra outra coisa, o grupo que esperou a ressurreição da aposentada teve que se conformar com a realidade.

AP via IG 
Em foto fornecida pelo canal National Geographic, Jamie Coots, pastor em Middlesboro, Kentucky, posa para foto. Manipulador de cobras, ele morreu após ser picado por uma.

Não é porque o grupo é religioso que eles vão fazer uma conspiração irracional para defender suas crenças e distorcer o que realmente foi testemunhado.

Os fiéis membros da igreja do pastor, que é bom que se diga, tinha uma interpretação muito errada das Escrituras, não sairiam por aí falando e escrevendo memórias dizendo que ele sobreviveu e está morando no Brasil, ou em algum outro país do terceiro mundo.

"O filho do pastor, Cody Coots, disse à estação de TV que seu pai já havia sido picado oito vezes antes, mas nunca teve uma reação tão forte. O filho disse que ele pensou que essa vez seria igual"


As mentiras, eventos desacreditados sem confirmações, viram automaticamente meras lendas, mitologias, quer dizer, não têm suporte para serem verdadeiras.

Perceba  que a crença na Ressurreição de Cristo é baseada em fatos que exigiriam confirmações, pessoas da época registraram o ocorrido para as gerações futuras, é assim que funciona, há várias testemunhas relatadas. Se fosse uma invenção, o cristianismo teria morrido de forma breve, pois os testemunhos apontariam para o que realmente ocorrera, quem inventasse seria taxado de louco na época assim como ocorreria com alguém que inventasse que a aposentada havia ressuscitado.

Não é porque você não viu um evento, que ele é uma mentira, é impossível o conhecimento que adquirimos durante a vida ser fruto somente do que nós mesmos vimos. 


Não é porque alguém ainda não era nascido em 1969, que essa pessoa deva duvidar que o homem esteve na lua nessa data e acreditar que as imagens do homem no espaço não passam de montagens bem feitas. 

Não é preciso que todos vejam um evento com os próprios olhos quando há uma corroboração testemunhal bem documentada sobre o mesmo.

O fato, para ser admitido como conhecimento, precisa ser corroborado por outras pessoas. A observação corroborada faz parte do próprio método cientifico e da ciência, por exemplo, se um cientista afirma que descobriu algo através de um experimento, mas outras pessoas reproduzindo o mesmo experimento encontram outro resultado, a descoberta do primeiro será desacreditada. 


Isso se estende para outras áreas, como a Ciência do Direito e História, dependemos sempre de outras pessoas, negar isso é negar o processo de transmissão do conhecimento responsável pelo desenvolvimento humano.

A mentira ocorre em ocasiões especificas e conhecidas, além disso, uma verdade para ser estabelecida precisa obrigatoriamente de reforços testemunhais, se isso não existir, a história fica no campo da lenda, por isso o recurso das testemunhas é meio indiscutível na Justiça para se chegar à comprovação ou não da verdade, sem testemunhos não há perícia criminal nem crime. É uma lei das interações humanas.

Maomé.

Podemos descartar Maomé como mensageiro de Deus utilizando os próprios documentos do islamismo, não há testemunhas dos feitos de Maomé, alguns supostos milagres como ascensão dele aos céus ou a árvore que chora, foram ditos pelo próprio Maomé, não há provas relatadas de que pessoas viram tais ocorrências.

Aí vem o cerne da questão sobre Maomé:


Maomé não pôde inventar testemunhas, pois seria desmentido por seus contemporâneos, consequentemente surge a dificuldade para crer em Maomé: sem testemunhas, seus feitos se enquadram na categoria de lendas.

Dessa forma, não há prova de que Maomé era realmente profeta de Deus, indo na contramão dos profetas bíblicos e de Jesus. 


 As pessoas que seguem Maomé hoje, infelizmente, não enxergam o óbvio, que o Alcorão é apenas produto de um homem.



Ilíada x Bíblia.

Por incrível que pareça, algumas pessoas tentam comparar a Ilíada com a Bíblia, pelo fato de arqueólogos terem encontrado o que pode ser a Tróia, mencionada no escrito grego.

Ocorre que o texto foi escrito mais de 400 anos depois da Guerra por um homem chamado Homero, que utilizou no enredo personagens já lendários (sem comprovações de suas existências).

O poeta apenas utilizou uma guerra por motivações territoriais como pano de fundo para um romance ficcional, utilizando personagens lendários (incluindo a motivadora da confusão, Helena de Tróia). 

A utilização de componentes reais com ficção é muito comum também em literaturas atuais de cunho neo-realista. Não é porque um registro é antigo que ele é verdadeiro, a análise do conteúdo vai mostrar se há compromisso histórico ou não.

Ao contrário de documentos que compõem a Bíblia, a Ilíada não se assume como uma narrativa histórico-documental, não há testemunhas nem comprovação da existência de qualquer um dos personagens descritos no conto.

Já a Tradição Antiga Judaica confirma seus ícones e eventos como verdadeiros, e não como mitos, Abraão é o patriarca dos judeus, Moisés foi um líder real, homens reais e históricos para os judeus, ao contrário da figura mitológica de Aquiles para os gregos, que é apenas reconhecido dentro da mitologia grega.




Crédito imagem: freepik.com
Questionamentos e Respostas



"A história de Jesus é um mito porque se você inventar uma história fictícia que tenha testemunhas fictícias a história não se torna verdadeira."


Re: Se você inventar uma história fictícia como verdadeira e apontar testemunhas, as pessoas irão querer saber quem são, por isso Maomé e outros líderes religiosos não puderam fazer isso.

Com a inexistência das testemunhas, a história não tem suporte para ser verdadeira.

Exemplo da deficiência de testemunhas nas religiões:

Mórmons: Joseph Smith (o próprio contador da história)

Alcorão: Maomé 
(o próprio contador da história)

Espiritismo : Allan Kardec. 
(o próprio contador da história)

Quanto a chamar falsas testemunhas, a história mostra que isso não existe, se fosse assim, todas religiões teriam testemunhas, mas elas não têm.

Como já foi dito, pessoas não se reúnem para criar eventos mentirosos e não estão dispostas a morrerem por algo que sabem ser uma mentira, mas sim pelo que acreditam, essa possibilidade de criar o evento mentiroso piora quando o próprio líder prega de forma veemente contra o falso testemunho.

"Mas Chico Xavier teve várias testemunhas!"

Re: Não há relatos muito claros e objetivos que provam que as cartas psicocografadas tinham informações realmente partculares do morto, geralmente, quando se busca detalhes desses episódio, são mostrados relatos generalistas na internet que poderiam ter causado efeitos de emoção na família, fazendo com que assimilassem que o parente falecido realmente estava se comunicando com eles, mas ainda que houvesse mensagens particulares que só a família soubesse, não significa que era realmente o falecido se comunicando.

Veja, há algo parecido no livro 1 Samuel, nesse relato bíblico, o rei Saul, afastado de Deus, foi até uma médium para se comunicar com o falecido profeta Samuel, quando iniciou a comunicação, a vidente começa dizendo que estava vendo um homem ancião vestido com um manto (poderia ser algo conhecido sobre vestimentas do profeta ou de profetas em geral?), curiosamente, o relato bíblico diz que Saul já assimila que era o profeta, ou seja, o próprio Saul adianta-se, entendendo que aquela visão era realmente a do profeta Samuel, a partir dali,ele aceita o que é dito pela mulher como mensagem do profeta falecido, porém no mesmo registro é dito que os mortos perdem a comunicação com os vivos, assim, mesmo que o Chico Xavier não tenha tido ajuda de pessoas que conheciam o morto, poderia-se deduzir com base na bíblia que o médium foi usado por um espírito enganador (demônio) e que não era realmente uma mensagem do falecido, a Bíblia também não diz no episódio do livro de Samuel que há algo realmente sobrenatural ali, apenas mostra que Saul se rende facilmente à ideia de que era Samuel apenas porque a vidente diz ter visto um ancião vestido com um manto.

"Testemunhas existem somente na Bíblia, ou seja, de acordo com as testemunhas da Bíblia, a Bíblia está certa! É a Bíblia confirmando a Bíblia?"

Re: Não é a Bíblia confirmando a Bíblia, a Bíblia simplesmente contêm documentos(de diversas épocas) que relatam fatos passados. Pessoas de diversas classes sociais que não se conheciam e estavam separadas pelo tempo presenciaram muitos dos relatos e escreveram os manuscritos que compõem a Bíblia, se essa conspiração não ocorre nem quando todos vivem na mesma época (como visto acima), imagine, então, quando as pessoas estão separadas pelo tempo.

"E as testemunhas da Torre de Babel? Do dilúvio? Adão e Eva?"

Re: Esses relatos de Gênesis foram escritos por inspiração divina, quer dizer, as pessoas tomaram como verdade porque Moisés já tinha credenciais dadas por Deus (milagres) o suficiente para que os hebreus acreditassem nele, Jesus também fez o mesmo ao confirmar as histórias das Escrituras antigas, Ele provou por sinais milagrosos, que estava com Deus, assim, não há motivo para duvidar da mensagem que eles passaram.

"Mas, quando é o caso de que as únicas testemunhas são as pessoas que descreveram este evento?"

Re: As testemunhas são pessoas que escreveram e que viveram o que ocorreu, há também testemunhas relatadas, o que não é o caso de Homero com a Ilíada em nenhuma das situações.

"O Ulisses não é uma testemunha de que a Ilíada esta certa? Ou este argumento só serve para a Bíblia?

Re: Ulisses é mito, era uma figura já lendária quando Homero escreveu a saga fictícia.

A própria memória histórica dos gregos encara esse conto como mito, então não teria porque insistir que é uma história real.

Você consegue conceber o presidente ou ministro de uma Nação (lembrando que os profetas faziam parte do governo teocrático de Israel) relatando em documentos oficiais que o povo foi testemunha de grandes feitos sobrenaturais, mesmo o povo não tendo visto nada?

A história desse governante seria desmentida ou não? 

Pois então, esse governante seria interditado e afastado do poder ou seria respeitado por suas declarações?


Conclusões


Não é possível transformar eventos mentirosos em verdades, porém é possível separar os documentos que possuem confiabilidade daqueles que não merecem crédito como registro do passado.