Alegações extraordinárias pedem evidências extraordinárias? A Retórica de Carl Sagan

 

Crédito: Wikmedia Commons


A Premissa da Rejeição de Carl Sagan


"Alegações extraordinárias pedem evidências extraordinárias"


Faz sentido pedir evidências extraordinárias?


Ressurreição - Analogia


Se um grupo de pessoas vê um colega de trabalho ser morto a tiros, comparece ao seu funeral e testemunha seu enterro, mas dias depois o vê vivo, falando, comendo e sendo tocado, não é necessário explicar o fenômeno para que ele seja real. A condição de uma pessoa viva ou morta é facilmente reconhecível, seja hoje ou há milhares de anos. Até uma criança sabe que, se alguém está andando, comendo e falando, está vivo.

No exemplo acima do "colega de trabalho", os dois eventos, morte e vida, foram multiplamente observados e relatados, tornando o fenômeno um fato.

A Existência do Fenômeno Precede a Explicação Científica


A questão central para aceitar a ocorrência de um fenômeno reside na solidez das evidências que o sustentam, primariamente observações e relatos objetivos. Tentar impor a necessidade de uma explicação científica prévia para reconhecer a realidade de um evento é um equívoco.

Se um fenômeno foi consistentemente observado e relatado por múltiplas fontes que presenciaram o evento, a sua ocorrência se estabelece como um fato, independentemente de nossa capacidade imediata de enquadrá-lo como natural dentro do nosso entendimento científico atual. 

A ciência, com sua busca por mecanismos e explicações, desempenha um papel crucial na compreensão do porquê e do como dos fenômenos. No entanto, a existência do fenômeno é uma questão separada, que se apoia fundamentalmente na evidência observacional.

Focar excessivamente na necessidade de uma explicação científica para aceitar um fenômeno pode levar à rejeição de fatos bem atestados simplesmente porque eles desafiam ou transcendem nosso conhecimento científico presente. 

A busca pela explicação é valiosa, mas não deve ser uma barreira para reconhecer a realidade de eventos que foram observados de forma consistente e sem contradições. Em última análise, a evidência da ocorrência é o primeiro passo; a compreensão científica pode segui-la, ou em alguns casos, permanecer um desafio em aberto. Ou seja, ainda que não se consiga compreender naturalmente o evento, não se pode negar a existência do mesmo.


Conclusão:

Na vida cotidiana ou em um laboratório com tecnologia avançada, o processo essencial para estabelecer um fato é observar algo e relatar essa observação. A tecnologia no laboratório apenas refina e detalha a observação e o relato, mas não muda a natureza fundamental da evidência.

No caso da analogia da ressurreição descrita na introdução desse texto, sendo os relatos dessas observações objetivos e consistentes, então, para a ocorrência do fenômeno em si, essas seriam as evidências necessárias. 

A busca por uma explicação científica para a ressurreição seria um processo separado da constatação do fato em si, baseado nas observações e relatos. A utilização da premissa de Sagan para exigir algo mais além dessa forte evidência observacional, criaria uma barreira desnecessária para reconhecer um evento já bem atestado.



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