O processo de canonização tem base bíblica? Foi ensinado pela igreja primitiva?

Papa Pio II canoniza Catarina de Sienaem 1461
 Biblioteca Piccolomini,Siena em torno de 1502-1507
Crédito imagem: Wikimedia Commons

Dentro do sistema católico romano, para alguém ser considerado santo, é necessário a "comprovação" de milagres (comprovação subjetiva), porém, algo curioso ocorreu , em 2014 o papa ignorou o magistério católico e canonizou o padre José de Anchieta. Mas afinal, esse processo está de acordo com os ensinamentos da época dos apóstolos?

João Paulo II beatificou Anchieta em 1980, sem a comprovação de um suposto milagre, a alegação era que na beatificação isso não seria necessário, os parâmetros nesse caso são: "Ser idolatrado ou venerado pela população. E claro, ser membro eclesiástico da igreja romana(de preferência), seminarista ou desenvolver trabalhos dentro da instituição". 

Por exemplo, no caso da mulher da mala, apesar da veneração pelo povo, se ela não teve uma ligação muito forte com a igreja católica, dificilmente será beatificada, ou reconhecida como santa pela ICAR.


Significados diferentes

O entendimento de "santo" difere entre a Igreja Católica e a Bíblia. Para a Igreja Católica, "santo" refere-se a indivíduos formalmente reconhecidos (canonizados) como exemplos de vida cristã e intercessores entre Deus e os homens. Mas a Bíblia ensina que somente Jesus é o intercessor e que "santo" no contexto humano designa todo aquele que, ao aceitar o chamado de Deus, busca uma vida de consagração a Ele. 

Contudo, na Bíblia a palavra santo é utilizada dentro de um contexto de chamado, uma exortação coletiva, e não como uma decretação definitiva do status individual de alguém, até porque o homem é limitado para fazer tal julgamento.


Conclusão: 

"Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus."Levítico 20:7

Assim, o significado e o uso da palavra "santo" levanta questionamentos à luz das Escrituras, além disso, mesmo dentro da tradição católica, é evidenciada uma certa subjetividade nas escolhas, em contraste com a estrutura formal do seu magistério.