O falatório é algo presente na nossa sociedade, mas será que ele realmente traz algo de bom? Muitas vezes, o ato de falar mal de alguém não tem um propósito nobre. Ao invés de edificar, ele tem como objetivo reduzir, julgar e, muitas vezes, nos colocar em uma posição de superioridade. É a famosa síndrome do "eu sou melhor que essas pessoas".
A diferença entre fala edificante e falatório
A Bíblia nos ensina a nos concentrarmos na edificação e na instrução. Paulo, em Efésios 4:29, nos adverte: "Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar, de acordo com a necessidade, a fim de que transmita graça aos que a ouvem." Isso significa que a nossa conversa deve ser como um canal de bênçãos, uma ferramenta para o crescimento uns dos outros.
Em vez de focar sobre os erros de alguém, um cristão deve buscar a reconciliação e a restauração. Se o objetivo é ajudar o próximo, a conversa deve ser feita de forma privada e com empatia, como nos ensina Mateus 18:15: "Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você terá ganhado seu irmão."
Já o falatório negativo, ou a maledicência, é condenado nas Escrituras. Ele gera discórdia, desconfiança e divisões, o oposto do que a comunhão cristã busca. A fofoca ataca o corpo de Cristo e, como crentes, somos chamados a ser sal e luz.
Fofoca X Crime
A fofoca e a denúncia de um crime são frequentemente confundidas, mas a Bíblia nos mostram que são atitudes completamente diferentes. O que as distingue não é a informação em si, mas o propósito por trás de sua divulgação.
A fofoca se trata de espalhar uma informação que não tem a intenção de resolver um problema ou trazer justiça, mas sim de julgar, diminuir o próximo ou, simplesmente, por puro entretenimento. Ela é movida pela maledicência e revela a falta de empatia. Ela é o oposto da edificação, que é o padrão de comunicação que a Bíblia nos ensina a ter.
Já a denúncia de um crime tem um propósito nobre e necessário: buscar a justiça e manter a ordem social. A Bíblia nos orienta a respeitar e cooperar com as autoridades, que foram estabelecidas por Deus. Em Romanos 13, Paulo explica que as autoridades são "servas de Deus, agentes da justiça para punir quem pratica o mal". Portanto, denunciar um crime não é fofoca, mas sim um ato de responsabilidade.
A diferença, então, reside no coração e na intenção de quem fala. Se a sua motivação é a fofoca, você está agindo contra os princípios de Cristo. Se o seu objetivo é a justiça legal, você está agindo em conformidade com o plano de Deus.
O Efeito Reverso
A fofoca, embora possa parecer um meio de elevar a si mesmo ao rebaixar o outro, tem um efeito contraditório. O maldizente, ao espalhar a maledicência, revela mais sobre seu próprio caráter do que sobre a pessoa de quem fala. Com o tempo, ele acaba sendo mal visto e perde a confiança dos outros. As pessoas começam a se questionar: "Se ele fala mal dos outros para mim, o que ele fala de mim para os outros?". Assim, a fofoca se torna uma armadilha, pois quem a pratica acaba minando sua própria credibilidade e reputação.
A Hipocrisia
Deus sonda o coração humano, como diz a Bíblia em Mateus 7:3-5, "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?".
A fofoca é um ato de arrogância. O fofoqueiro se coloca em uma posição de superioridade moral para condenar o outro. Ele expõe a falha alheia para disfarçar a sua própria, em um processo de projeção. Ao invés de usar a reflexão para se aprimorar, ele se prende em uma armadilha de autoengano e hipocrisia, focando nos pecados do próximo para evitar confrontar os seus próprios.
O Perigo Espiritual
A Palavra de Deus é clara sobre o perigo da maledicência e suas consequências espirituais. Provérbios 10:18 nos diz: "Quem esconde o ódio tem lábios mentirosos, e quem espalha a calúnia é insensato." A fofoca é um veneno que revela a falta de amor e a maldade que podem estar escondidas em nossos corações.
Além disso, a Bíblia nos alerta que a maledicência é um dos pecados que nos impedem de entrar no Reino dos Céus: 1 Coríntios 6:9-10.
Conclusão
Como cristãos, devemos nos perguntar qual é a real finalidade da nossa conversa: é para edificar, alertar e instruir, ou é apenas fofoca? Como filhos de Deus, nosso coração deve estar voltado para o que é justo e bom.
Zacarias 8:17 resume de forma clara o que Deus espera de nós: "E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o falso juramento; porque todas estas são coisas que eu odeio, diz o Senhor."
A fofoca e a maledicência nos afastam de Deus, porque são contrárias ao Seu caráter de amor e misericórdia. O convite é para que a nossa boca seja usada para o que é bom, o que edifica e o que transmite a graça de Deus para todos que nos ouvem.