Jesus não foi mencionado por historiador de sua época?

Crédito imagem:Brian Morley


Em 2015, um pesquisador americano chamado Michael Paulkovich afirmou que escritores ou historiadores da época não mencionaram Jesus e que por isso ele seria um mito (irreal). Abaixo, analisaremos se essa conclusão está correta.


Na verdade, há escritos sobre Jesus, afinal, há nada menos que 27 documentos corroborando a sua história, esses escritos foram reunidos e chamados de Novo Testamento. Essa rede de corroboração é raridade na história, se pegarmos ícones históricos (que ninguém dúvida da existência, diga-se) como Alexandre, o grande, entre outros, não chega nem perto do número de documentos sobre Jesus.




Por que historiadores da época não mencionaram Jesus?


Apesar da menção de Flávio Josefo, alguns céticos geralmente acusam esse item de falsificação.

A tentativa de invalidar o registro de Josefo com a acusação de que a passagem sofreu interpolação não é válida, veja porque:
Dois pesquisadores (Edwin Yamauchi e John P. Meier), construíram uma cópia do “Testimonium” com as inserções prováveis ​​entre colchetes.
O parágrafo a seguir é de Yamauchi:

(1) “Nessa época vivia Jesus, um homem sábio [se é que se deve chamá-lo de um homem.] Pois ele foi um operador de obras maravilhosas, um mestre dos homens que recebem a verdade com prazer. Ele conduziu  muitos judeus e muitos dos gregos. [Ele era o Cristo]. E quando Pilatos o condenou à cruz, acusado pelos homens mais importantes, aqueles que o haviam amado a princípio não cessaram [No terceiro dia, ele apareceu a eles restaurado à vida, pois os profetas de Deus haviam profetizado estas e inúmeras outras coisas maravilhosas sobre ele.] E a tribo dos cristãos, assim chamados depois dele, ainda hoje não desapareceu. ”
^
Vimos aí que mesmo tirando o que acredita-se ser uma interpolação no texto, a referência a Jesus está intacta.
O alvo dos historiadores.
Mesmo desconsiderando esse texto e assumindo que Flávio Josefo e outros historiadores (deixando de lado as discussões sobre Tácito e Suetônio) fora do grupo testemunhal de Jesus não mencionaram a sua existência, isso não seria fundamental.

É preciso entender que o alvo preferido dos historiadores são pessoas que interferiram diretamente no sistema geopolítico, e não era essa a proposta de Jesus, Ele não pegou em armas, não conquistou territórios, não tinha ambições políticas, não lutou nem se quer questionou o império romano a fim de ter a independência para os judeus,  não cobiçou poder e riquezas,ou seja, Jesus não tinha absolutamente nada que chamasse a atenção de historiadores que ficavam fora dos limites percorridos por ele.


Dentro daquele contexto, não haveria
 motivo para perderem tempo com o que ouviram falar das testemunhas de Jesus, já que eles pressupunham (assim como o ceticismo e o preconceito de hoje) que os cristãos fossem apenas sujeitos lunáticos.

Quem deveria contar a história de Jesus?
A história de Jesus foi contada justamente por quem deveria contá-la. 

Lembrando o que já foi dito em outro artigo, cada nação ou grupo é o maior responsável por preservar a sua própria história, não são os EUA, por exemplo, que serão obrigados a transmitir particularidades do Brasil, de fatos que ocorreram dentro do nosso território e sociedade, mas sim o próprio Brasil que tem essa missão. 

As testemunhas de Jesus são as que tinham motivação e a obrigação de transmitir o que viram, e não um historiador da elite judaica, romana ou grega.
A elite judaica da época estava afundada em tradições humanas, deram mais importância a elas, do que aos testemunhos sobre Jesus. 

Já a elite romana não queria saber de nada que diminuísse seus imperadores, ainda mais vindo dos judeus, um grupo dominado e considerados "inferior".


Episódio da ressuscitação dos santos.



Por que nenhum historiador comentou sobre a ressuscitação dos santos ou, "zumbis" (sarcasmo utilizado por escarnecedor) andando pelas ruas?

Em mateus cap.27, temos uma narrativa não linear informando que após a Ressurreição de Jesus, alguns mortos fiéis à Deus, foram ressuscitados sendo vistos por muitas pessoas:

"E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;

E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos."


Mateus 27:52-53


Está registrado em Mateus. Logo a palavra "nenhum" não cabe aí. 

Veja, é a mesma aplicação da Ressurreição de Jesus, se esses eventos fossem mentiras, o cristianismo seria facilmente desacreditado na época e teria morrido ali mesmo, afinal, a documentação escrita (Escrituras) e a pregação já ocorriam quando ainda havia testemunhas oculares vivas, e os acontecimentos eram recentes na memória histórica daquelas gerações, então, qualquer invenção seria facilmente desmentida.  

Certamente, as pessoas que viram tais eventos comentaram e a notícia correu, mas a elite judaica deu pouco importância, fazendo o mesmo que fizeram com a Ressurreição de Jesus. E os romanos, novamente e pejorativamente, tiveram essa história apenas como mais um mito de judeus ignorantes (o velho e conhecido preconceito)  

Conclusão: 

Os  fatos foram registrados pelos grupos que deveriam registrar, ou seja, as pessoas próximas dos acontecimentos.





A Ressurreição de Jesus é uma lenda? 

A Ressurreição de Jesus é uma lenda? Como diferenciar mito e realidade?




(1)Yamauchi, Edwin, “Jesus Outside the New Testament: What is the Evidence?” in Jesus Under Fire: Modern Scholarship Reinvents the Historical Jesus , edited by Michael J. Wilkins and JP Moreland, Zondervan, 1995, 212-14 and John P. Meier, “Jesus in Josephus: A Modest Proposal,” Catholic Biblical Quarterly 52 (1990): 76-103.