Autoestima elevada é importante?

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Eu sinceramente não entendo como você ainda pode ter uma autoestima baixa, eu dei uma pesquisada rápida aqui buscando pela palavra autoestima e encontrei mais de 30 mil livros na Amazon, mais de 1.000 cursos no Hotmart e mais de 502 milhões resultados no Google.

Eu tenho uma boa e uma má notícia, a má notícia é que você não vai conseguir resolver mesmo, nunca. A boa é, não se preocupe com autoestima! Ela não serve para nada, pois é, por incrível que pareça, o cálice sagrado da autoajuda é inútil, ou pior, danoso! 

Uma revisão de mais de 15 mil estudos, dos quais menos de 200 tinham algum rigor científico, não encontrou nenhuma relação entre autoestima elevada e o sucesso no mercado de trabalho, na vida amorosa, na vida financeira, na saúde e nas relações interpessoais, também não encontrou evidências de que jovens com autoestima elevada tenham notas melhores ou menos chances de abusar de drogas ilícitas, álcool e cigarro.

Em contrapartida, estudos mais recentes têm mostrado maior relação entre autoestima elevada e propensão ao racismo, elitismo, violência e delírios de grandeza, então, como a autoestima conseguiu essa fama que ela tem hoje em dia? 

É simples, é só entender o que significa autoestima, é a avaliação que a pessoa faz de si mesma, ou seja, uma pessoa com autoestima elevada faz uma avaliação muito positiva de si mesma, ela acredita que é bem sucedida no mercado de trabalho, que é uma boa parceira no relacionamento, entre outras coisas, mesmo que nada disso seja verdade, simplesmente, porque ela baseia essa avaliação no que ela sente, e não em dados objetivos do mundo real. Isso é um problema, essa pessoa tem dificuldades para melhorar, já que ela parte do princípio que não tem o que melhorar.

O psiquiatra carcerário Theodore Dalrymple escreveu: basta ir à prisão para ver a autoestima mais revoltantemente elevava entre um grupo de pessoas que não trouxe nada além de misérias ao redor, principalmente, porque elas se consideravam tão importantes, que não seriam capazes de errar.

O movimento da autoestima que começou lá pelos anos 70 e decolou nos anos 80 criou uma das gerações mais fracas da história da humanidade e ao mesmo tempo uma das gerações que se acha mais importante mesmo sem ter feito nada para que merecesse esse título, chega a ser engraçado, dois terços dos estudantes de hoje em dia acreditam que se tivessem no comando, o mundo seria um lugar melhor, esses mesmos estudantes não conseguem comandar suas próprias vidas, mas de tanto ouvir dos pais, da escolas, da sociedade que são especiais, eles acreditaram, mas se todo mundo é especial, ninguém é especial.

Eu sinceramente não acredito que exista uma autoestima elevada que não seja frágil, sociopatas, praticantes de bullying, prisioneiros, todos batem lá em cima nos níveis de autoestima, todos vivem numa autoidolatria sem motivos para tal e prestes a perder o controle caso alguém desafie suas crenças, mas é óbvio que eu não estou dizendo para você ter uma baixa autoestima, o que eu estou dizendo é: não se preocupe com autoestima!

Se você quer se sentir bem consigo mesmo, ao invés de buscar livros e cursos que aumentem a sua autoestima, que aliás, não funciona, busque aprimorar as suas qualidades, aprimorar quem você é, no caso do cristão, busque conhecer as revelações de Deus, e aí sim, você vai se sentir bem consigo mesmo e vai se sentir confiante.

Confiança é totalmente diferente de autoestima porque tem uma base sólida, alguém só se torna confiante em algo porque se preparou para aquilo, um ator só entra em cena confiante porque ensaiou muito, assim, como um cantor ou um atleta, e mesmo assim é comum que eles sintam um certo nervosismo antes da performance e outras grandes inseguranças sobre o seu próprio valor, isso faz com que eles busquem evoluir e sigam crescendo.

Pare de buscar o conforto ilusório da autoestima delirante e busque conhecer seus pontos fortes e fracos, sabendo no que você é bom e no que você não é bom, saber quando você acertou e quando você errou, de maneira sincera e transparente, mas saudável e sem tortura.

O objetivo é tonar-se alguém melhor, sendo consciente.


Editado a partir de Epifania Experiência.